Pela primeira vez nos 53 anos de
história da cidade, os quase 50 mil eleitores de Peruíbe –município de
57.686 habitantes no litoral sul do Estado de São Paulo (a 135 km de São
Paulo)– terão uma eleição onde só há mulheres concorrendo à prefeitura.
São três candidatas: a prefeita Milena
Bargieri (PSB), que tenta a reeleição, a vereadora Onira Betioli Contel
(PT) e a empresária Ana Preto (PTB).
De acordo com dados do TSE (Tribunal
Superior Eleitoral), dentre os 5.565 municípios do Brasil, existem 45
cidades onde só há mulheres na disputa pela prefeitura nas eleições de
outubro.
“É um momento histórico para a cidade,
sem dúvida”, diz a prefeita de Peruíbe. “Acho que, apesar disso ter sido
uma coincidência, é um reflexo da conquista de um espaço cada vez maior
pelas mulheres não só na sociedade brasileira, mas em todo o mundo
ocidental”, diz Milena.
Ela afirma que as mulheres possuem
algumas características que podem ser utilizadas de maneira positiva na
administração pública.
“Acredito que a mulher, culturalmente e
pela possibilidade de ser mãe, tem uma ternura e uma sensibilidade
maiores para algumas questões, como os problemas sociais”, diz a
prefeita. “Mas não acho que isso seja determinante para fazer um bom
trabalho. Homem ou mulher, o importante é a honestidade e seriedade”.
Milena reconhece que o número de mulheres candidatas ainda é muito pequeno em relação aos homens.
“Mesmo com o crescimento, a presença das
mulheres no processo político ainda é tímida. Exemplos como o da
presidente Dilma Rousseff são importantes, pois encorajam uma
participação maior”, diz a prefeita.
Segundo o TSE, ao todo são 15.304 candidatos a prefeito inscritos. Destes, 1.907 são mulheres (ou 12,5 % do total).
Nas últimas eleições municipais, em
2008, havia 1.641 mulheres candidatas a prefeituras, dentre 15.903
candidatos (ou 10,3% do total).
De acordo com a vereadora Onira Contel,
adversária política de Milena, a hegemonia feminina verificada na
disputa pela Prefeitura de Peruíbe não se repete na Câmara de Peruíbe.
“Sou a única mulher lá”, diz a
vereadora, que está no seu terceiro mandato. “Desde 2001, quando assumi
uma vaga na câmara pela primeira vez, sempre fui a única mulher.”
“Dessa forma, foi uma surpresa feliz ver
que na disputa pela prefeitura, desta vez só há mulheres”, afirma a
vereadora, que também enxerga um crescimento na participação das
mulheres na vida política brasileira.
A vereadora concorda que o grau de representatividade das mulheres na política ainda não é adequado.
“O ideal é que um dia consigamos atingir
uma representatividade igual à dos homens, com cerca de metade das
vagas para cada gênero.”
Herança política
“Nós mulheres já mostramos a nossa força e a nossa coragem”, diz Ana Preto, a terceira candidata à Prefeitura de Peruíbe.
“Estamos todas participando de um
momento muito importante da democracia brasileira. Tenho certeza de que
nesta e nas próximas eleições teremos muito mais mulheres sendo eleitas
pelo voto direto”, diz a candidata.
Ela também afirma que o fato de só haver
mulheres na corrida pela prefeitura da cidade é um reflexo da
participação feminina na vida política, que começa a aumentar.
No Estado de São Paulo, são cinco
municípios onde só haverá mulheres na disputa pela prefeitura. O Estado
que possui mais municípios sem homens concorrendo à prefeitura é o Rio
Grande do Norte, com oito cidades.
Depois de São Paulo, na segunda posição, aparecem Minas Gerais e Paraíba, com quatro cidades cada.
Fonte: Uol