terça-feira, 7 de agosto de 2012

Elas fazem a diferença



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Tarsila do Amaral
Em 1923, Tarsila do Amaral, na época com 37 anos, instalou-se em Paris acompanhada de seu namorado, o escritor Oswald de Andrade. Nos almoços que oferecia em seu ateliê, servia caipirinha e feijoada para as visitas, como o poeta Blaise Cendrars, o pintor Fernand Léger, o compositor Villa Lobos e o pintor Di Cavalcanti. A artista não tinha participado da Semana de Arte Moderna de São Paulo porque estava na França. Mas sua obra marcou o modernismo brasileiro de forma definitiva.
Filha do fazendeiro José Estanislau do Amaral Filho, de Capivari, no interior de São Paulo, Tarsila nasceu na Fazenda São Bernardo em 1 de setembro de 1886. Foi educada no Colégio Sion, em São Paulo, e no Colégio Sacré-Coeur, em Barcelona, onde em 1904 pintou seu primeiro quadro, Sagrado Coração de Jesus. Na volta para o Brasil, em 1906, iniciou um curto casamento com o médico André Teixeira Pinto, pai da única filha que ela teria, Dulce.
As aulas de desenho e pintura só começaram em 1917, no ateliê de Pedro Alexandrino, em São Paulo. Na época, ela foi apresentada por Anita Malfatti a Oswald, Mário de Andrade e Menotti Del Pilcchia – juntos, eles formaram o chamado Grupo dos Cinco da arte moderna brasileira. Na volta da temporada em Paris, em 1924, ela levou Blaise Cendrars para conhecer o carnaval do Rio de Janeiro e as celebrações da Semana Santa em Minas Gerais.
Sob a influência dos novos movimentos artísticos que surgiam desde o começo do século, Tarsila percebeu que as cores de Minas, que os antigos pintores brasileiros consideravam caipiras, eram sua vocação. Começava assim a chamada fase Pau Brasil, que foi seguida pelo momento da antropofagia – o Manifesto Antropofágico, de Oswald de Andrade, pedia a deglutição das influências estrangeiras na busca por uma nova arte nacional.
Em 1928, ela pintou Abaporu, seu presente de aniversário para Oswald (com quem havia oficializado o relacionamento em 1926, tendo o presidente do Brasil Washington Luís e o governador de São Paulo Júlio Prestes como padrinhos). Seguiram-se então quadros da mesma temática, como Sol Poente, Cartão Postal e O Lago.
Livro:100 brasileirosEm 1928, Tarsila pintou Abaporu, seu presente de aniversário para Oswald de AndradeAmpliar
  • Em 1928, Tarsila pintou Abaporu, seu presente de aniversário para Oswald de Andrade
Se a década de 1920 foi marcada pelo modernismo e pela euforia, a crise econômica de 1929 deu início a uma nova fase na vida da pintora. Seu pai perdeu as fazendas, ela arranjou um emprego e Oswald separou-se dela para casar com Patrícia Galvão, a Pagu. Começava uma curta fase social, marcada pela tela Operários, por uma exposição de suas obras em Moscou e pela prisão por participar de reuniões do Partido Comunista Brasileiro. Nessa época, ela voltou a Paris; desta vez, sem dinheiro e sensibilizada com os problemas dos trabalhadores, foi operária de construção e pintora de paredes e portas.
Em meados dos anos 1930, já estava afastada da política, vivia com o escritor Luís Martins e trabalhava como colunista dos Diários Associados. Na década de 1950, retomou a estética Pau Brasil com quadros como Fazenda. Um ano depois, participou da I Bienal de São Paulo. Em 1965, depois de uma cirurgia na coluna, ficou paralítica. Sua filha Dulce morreu, vítima de diabetes no ano seguinte. Nesta época, ficou muito amiga do médium Chico Xavier. Tarsila faleceu em 17 de janeiro de 1973. Foi enterrada no Cemitério da Consolação, em São Paulo. Em 2008, uma cratera do planeta Mercúrio ganhou o nome Amaral em sua homenagem.
Fontes:
Tarsila: sua obra e seu tempo, Aracy A. Amaral, Ed. 34/Edusp, 2003
Tarsila do Amaral, a modernista. Nádia Battella Gotlib, Senac, 2003

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