domingo, 12 de junho de 2011

Cidade mais violenta do país vive explosão populacional

Pela linha férrea entre Parauapebas e o porto de São Luís, no Maranhão, o minério de ferro se esvai do Pará e os imigrantes chegam. Três noites por semana, centenas deles desembarcam em Marabá, a cidade mais violenta do Brasil, mas também objeto dos sonhos dos recém-chegados, atraídos pela expectativa de empregos em uma siderúrgica de US$ 3,2 bilhões e outros empreendimentos.
A onda migratória faz com que Marabá, principal município do sudeste paraense, passe pela mais radical transformação urbana em andamento no País: de 2009 até 2014, sua população terá um incremento de 50% e chegará a 306 mil pessoas, segundo estudo da própria Vale, controladora da siderúrgica e até do trem que despeja os novos moradores. Já a prefeitura, que sonha fazer da cidade a capital do futuro Estado de Carajás, prevê que o número de habitantes dobrará no mesmo período.
O crescimento é desordenado, para dizer o mínimo. Nos últimos anos, dezenas de ocupações irregulares - nove delas com mais de 11 mil famílias - brotaram nos três principais setores da cidade, cujo desenho segue as curvas dos Rios Tocantins e Itacaiúnas. Nos bairros regularizados, os aluguéis mais que dobraram.
Os 30 mil empregos diretos e indiretos relacionados à siderúrgica ainda são uma miragem - a obra está em fase de terraplanagem e ocupa algumas centenas de operários. Além disso, oito em cada dez imigrantes não têm a qualificação mínima necessária para ocupar as vagas que serão abertas, segundo estimativa da prefeitura.
Não há bairro que esteja livre do tráfico e do consumo de crack e óxi, drogas derivadas da pasta de cocaína vinda da Colômbia, de acordo com a polícia. Disputas por território, acertos de contas e latrocínios alimentam um círculo vicioso de vinganças e crimes por encomenda. Entre 2002 e 2009, foram 1.408 assassinatos.
Marabá e outras cidades do chamado Polígono da Violência - região do sudeste paraense com altos índices de homicídios - são um dos alvos da Operação Em Defesa da Vida, ação emergencial do governo federal que congrega militares, Força Nacional de Segurança, Polícia Federal e outros órgãos.
Loteamento clandestino. 'O metro quadrado daqui já está valendo mais do que o de bairros estabelecidos há mais de 15 anos', afirma Josavias Saraiva, um dos líderes comunitários da invasão conhecida como Jardim da Paz - nome alvo constante de ironias, já que cinco dirigentes da associação de moradores foram assassinados em quatro anos.
À frente de Saraiva está um mapa do loteamento, que a comunidade tenta regularizar - passo necessário para a chegada de benfeitorias como saneamento e escolas. 'Veja que ficamos quase no centro da cidade', diz ele, indicando com os dedos que a Rodovia Transamazônica está a cerca de 800 metros. Em Marabá, a Transamazônica é, na prática, uma avenida - a cidade se desenvolveu em torno dela. 'E aqui será a Alpa', completa Saraiva, referindo-se à Aços Laminados do Pará, a siderúrgica em construção a 14 quilômetros dali, nas margens da rodovia.
O Jardim da Paz foi criado à força, quando cerca de 450 famílias invadiram um remanescente de fazenda nas margens do Rio Itacaiúnas. Em 2010, um censo feito pelos próprios moradores contabilizou 2.446 famílias no local.
Questionado sobre a origem desses habitantes, Saraiva sorri. 'Alguém aí não é maranhense?', pergunta, dirigindo-se a uma fila na associação de moradores. Ninguém se manifesta. 'Aqui os imigrantes são uns 90%', diz ele.
'A cidade recebe hoje cerca de 250 novos moradores por dia', afirma o delegado Alberto Teixeira, superintendente da Polícia Civil no sudeste do Pará. Ele próprio um recém-chegado - está desde fevereiro em Marabá -, Teixeira não hesita ao relacionar os altos índices de criminalidade ao crescimento desordenado. 'Não há empregos para todas essas pessoas. Quem acolhe os jovens é o tráfico.'
A taxa anual de homicídios em Marabá chegou a 133 por 100 mil habitantes em 2009, segundo o Sistema de Informação de Mortalidade, do Ministério da Saúde. É a taxa mais alta do País. Em Honduras, o país mais violento do mundo, o índice é de cerca de 60/100 mil.

Por Daniel Bramatti, estadao.com.br, Atualizado: 12/6/2011 1:37
Diante deste  quadro temeroso todos os municípios da região sudeste do Pará precisam ser também  fortalecidos, com a criação  imediata de organismos de políticas em defesa dos direitos das mulheres. 
Com o crescimento desordenado da população, vem a exploração sexual de meninas e mulheres, prostituição e conseqüentemente o aumento da violência contra as mulheres.
È urgentíssimo a criação destes órgãos com o apoio do Governo Federal e da Secretária Especial de Políticas para Mulheres da Presidência da República.
A Coordenadoria da Mulher de Belém  registra preocupação com as mulheres do Pará e para com as que migram em buscam melhores condições de vida.
Por COMBEL

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